A Ecra Biotec nasceu com um propósito muito claro: levar soluções de biotecnologia de padrões internacionais a um preço acessível a todos os brasileiros. 

Essa startup coleciona feitos de empresas já consolidadas no mercado e, um portfólio de produtos de gerar orgulho para a comunidade científica nacional. 

Com menos de 3 anos de vida, a ECRA Biotec tem nada mais nada menos que 15 produtos de biotecnologia desenvolvidos em berço tupiniquim, mais exatamente na cidade de Campinas, onde fica sua sede. 

Seus últimos lançamentos melhoram a qualidade e procedimentos em como as pessoas fazem o teste de diagnóstico para detectar a COVID-19 até mesmo utilizando a saliva para o teste em tempo reduzido em relação aos métodos atuais no mercado.

Em tempos de pandemia e aflições de milhões de brasileiros a respeito da doença, isso é um avanço, principalmente para o conforto e agilidade no diagnóstico. 

Além de representar uma economia na ordem de  milhões para governos, laboratórios e toda comunidade científica.  

Extração de RNA: entenda mais 

Um destes itens trata-se de um kit capaz de extrair o RNA do novo coronavírus em amostras dos pacientes com suspeita da doença. 

Tal processo é fundamental para a realização do exame padrão ouro segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o RT-qPCR ou teste molecular da doença. 

“A extração do RNA viral em amostras de pacientes é uma etapa primordial, de forma que os kits desenvolvidos pelos pesquisadores da ECRA Biotec utilizam de nanotecnologia de última geração, através de nanoesferas magnéticas, viabilizando a reação de RT-qPCR” Diz o pesquisador Robson Tramontina, Sócio diretor da ECRA Biotec.

Esta invenção foi integralmente desenvolvida pela empresa, sediada em Campinas. 

Tramontina relata que tudo foi feito sem a dependência de insumos importados, o que garante os suprimentos do kit para milhões de testes a um preço muito mais acessível. 

Pesquisadores do Instituto SENAI de Inovação em Biomassa da Unidade de três lagoas (ISI Biomassa) validaram a tecnologia através de emissão de laudos  técnicos onde demonstram que mesmo diluindo a saliva de pacientes em 80 vezes ainda assim  foi possível detectar a presença do vírus nestas amostras, onde, o kit de procedência estrangeira demonstrou menor eficiência suportando apenas a diluição de 50 vezes da amostra. Além disso, o novo kit é mais cômodo aos pacientes tendo em vista que este pode extrair o RNA  viral a partir de saliva e não apenas do swab nasal. 

“Nós aqui do ISI adotamos os kits da ECRA como rotina aqui no laboratório de apoio, recém construído para realizar os testes moleculares de COVID-19. Além de mais sensíveis, os kits possuem um alto benefício custo ” Comenta Tiago Rodrigues, Pesquisador Sênior do Instituto.

Foto: Validação dos Kits de Extração de DNA e RNA da ECRA Biotec. O produto foi “desafiado” com amostras muito complexas, como leite, solo, lodo de biogás, leveduras, saliva humana e amostras de swab nasofaringeos. As nano esferas de metal se ligam ao material genéticos e são arrastadas através de um poderoso imã na parede de estantes “racks”, também desenvolvidas pela empresa. Com a extração de RNA de COVID-19 com este kit o exame de RT-qPCR foi bem sucedido.

LAMP: Mais acesso, precisão e menor custo

Além de contribuir para os métodos já estabelecidos para a detecção de doenças através de RT-qPCR, a ECRA Biotec em parceria com o grupo de pesquisa do Dr. Nilmar Moretti, professor da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP, desenvolveu insumos para um método alternativo ao exame de RT-qPCR, com o objetivo de aumentar a disponibilidade, rapidez, diminuir custos e simplificar o exame. 

Segundo o pesquisador Fábio Raya, também sócio diretor da startup, o teste está de acordo com as diretrizes determinadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e comenta que no estado de São Paulo, o laboratório de exames genômicos Mendelics oferta exames com um teste muito similar.

O teste consiste na técnica chamada de RT-LAMP que significa loop-mediated isothermal amplification (amplificação isotérmica mediada por alça). 

A técnica molecular tem algumas semelhanças com o método RT-PCR, onde enzimas transformam o RNA viral em DNA, este que passa por uma multiplicação em que regiões específicas do vírus são replicadas milhões de vezes até ser possível identificar o patógeno. 

As enzimas de RT-LAMP desenvolvidas pela ECRA agem em uma temperatura constante de cerca de 60°C e diferente do RT-qPCR, não depende do uso de termocicladores, que são equipamentos caros. 

Com isso, o teste consegue ser mais barato e pode ser feito em até 40 minutos. As enzimas desenvolvidas, ECRA LF-BST DNA polimerase e ECRA RTx XENOPOLIMERASE são de grande novidade a nível mundial no mercado de enzimas e podem substituir os insumos internacionais para os testes de LAMP-COVID.

Foto: Tubos com os resultados do teste LAMP para detecção de COVID-19: os pontos em amarelo são positivos e os em rosa, negativos.

Parcerias com gigantes do setor

A ECRA Biotec, empresa-filha da UNICAMP e o Núcleo de Inovação Comercial da Merck Brasil, gigante do setor da pesquisa, se associaram para fornecer em todo o Brasil insumos e kits de para o diagnóstico com intenção de atender a demanda do mercado frente à pandemia do novo coronavírus.  

A parceria vai ampliar o alcance da marca ECRA e abre a possibilidade para que o uso de tecnologias nacionais seja utilizado no controle da pandemia.